“Empatia é a arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e perspectivas e usando essa compreensão para guiar as próprias ações.” (Roman Krznaric).
Nesta série de artigos sobre competências da inteligência emocional, primeiro falamos de autoconhecimento (e autoconsciência) e, depois, de gestão das emoções. Agora, é a vez da empatia.
Abrimos o artigo com a definição de um filósofo e historiador da cultura, pois essa ação, é mais recente em nosso cotidiano.
Analogamente, autoconhecimento é mais auto explicativo, gestão, mais comum em várias áreas. Por outro lado, o senso de empatia ainda parece estar em construção.
Quer dizer, é hora de olhar para fora, e não apenas isso, é preciso colocar-se no lugar do outro, ou da outra, certo?
Então vamos falar aqui sobre como entender a empatia; sobre os 6 hábitos das pessoas empáticas; e, o porquê da empatia ser considerada uma competência emocional.
Aplique a regra de ouro, só que não!
A conhecida Regra de Ouro “não faça aos outros o que não quer que façam a você” e suas versões: “e tal como quereis que convosco procedam as pessoas, procedei com elas do mesmo modo” Lucas (6,31); e, “tudo quanto quiserdes que vos façam as pessoas, assim fazei vós a elas”, Mateus (7,12) são orientações de valores morais, não definem empatia.
Empatia não é sobre você, ou o que você quer ou não quer. É mais que isso, é sair do seu querer e colocar-se no querer de outra pessoa.
Ou seja, ao tentar acessar essa perspectiva (que não é a sua), e tentar colocar-se na pele de alguém, você faz mais do que aplicar seus valores, você busca entender a situação a partir dos valores dessa outra pessoa.
O desafio é compreender a situação do ponto de vista de quem está vivendo a emoção.
Nesse sentido, é uma forma de comunicação. Em um nível mais profundo, você procura entender de que perspectiva, contexto, base emocional, aquela pessoa está falando.
Porém, tem uma pitada da regra de ouro, sim. Essa é a razão pela qual a empatia é uma das 4 competências emocionais, pois você precisa acessar suas emoções como para compreender a emoção vivida por outra pessoa.
Por isso, precisamos de autoconsciência e gestão das emoções. Na empatia, ‘eu e você’ somam em ‘nós’ mas apenas se você souber sobre você.
Caso contrário, corre o risco de virar uma mera transferência de lado. Uma pessoa joga a emoção para outra.
O ‘nós’, que é a conexão gerada na comunicação empática, é a chave para a empatia.
Então, qual o caminho para se ter essa habilidade da inteligência emocional?
6 Hábitos para cultivar a empatia
O filósofo Roman Krznaric, o mesmo da definição do início do artigo (lembra?) aponta seis hábitos de pessoas extremamente empáticas. Nós adaptamos a definição desses hábitos para falar como você pode desenvolver a habilidade da empatia.
- Acione o cérebro empático:
A empatia está no cerne de nossa natureza, assim como a comunicação. Procure reconhecer quando ela se manifesta e, então, ative, desenvolva e cultive.
- Soltar a imaginação:
Busque em suas experiências de vida situações semelhantes àquelas das pessoas diante de você. Estabeleça pontes e pratique os hábitos listados no item 3.
- Ler, ouvir e assistir histórias:
Através de histórias fictícias, ou não, ampliamos nossas vivências. Quando as diversificamos, com diferentes referenciais culturais, aprendemos sobre situações desconhecidas.
- Conversar ativamente:
Assim como na arte e literatura, as histórias das pessoas em nosso entorno ajudam a expandir nossos pontos de vista. A curiosidade e capacidade de praticar a escuta ativa são meios de desenvolver a empatia.
- Aventurar-se:
O contato com vidas e culturas diferentes enriquece nosso olhar. Eventos, viagens (mesmo perto de casa) e trabalhos de cooperação social nos colocam em contato com outras culturas e expandimos nossas perspectivas.
- Ser uma inspiração:
As pessoas que desenvolvem esses hábitos, acabam por inspirar outras por sua capacidade de conectar-se e de ter empatia.
Empatia é uma competência
Como falamos na seção anterior, a empatia está no cerne da natureza humana.
Muito provavelmente, desenvolvemos mais facilmente com pessoas próximas, amigas ou que tenham vivido experiências semelhantes às nossas.
No entanto, a empatia como competência emocional vai além da conexão com situações conhecidas.
Além disso, como competência, é uma reconhecida habilidade profissional, que é nosso foco aqui. Sem minimizar sua importância em outras instâncias de nosso convívio social, a empatia é um diferencial em qualquer área de gestão de uma organização.
Essa capacidade de conexão gera uma melhor experiência de trabalho e resulta em mais produtividade devido a qualidade das relações.
É uma habilidade valiosa nos ambientes de trabalho.
Ao integrar a empatia na comunicação, você estabelece relações de confiança e lealdade e abre espaço para desenvolver aspectos importantes de sua vida, como a criatividade e a liberdade de inovar.
Essa é a força da empatia como competência. É também uma forma de expandir e inspirar.
Não deixe de praticar. Faz toda a diferença e faz parte do trabalho da Gente Genuína.
Vem saber mais sobre isso!
Referências:
O Poder da Empatia – Roman Krznaric, editora Zahar, 2015.
A Regra do Ouro e a pandemia – Adriana Novais, Estadão, 2021.